A INOCÊNCIA DO PADRE BROWN- G.K. CHESTERTON

Os contos policiais de Padre Brown foram enorme sucesso na Inglaterra dos começos do século XX. Chesterton, polemista refinado, tornou-se umas das estrelas da época ( e que belas estrelas: Noel Coward, HG Wells, Churchill, Russell, Shaw ). Os contos, curtos, primam pela forma de dedução lógica utilizada pelo Padre ( sim, ele é um padre católico inglês ). Uma série de pistas que são unidas e de onde se tira seu sentido. Mas, ao contrário de Sherlock Holmes, as pistas são nos dadas desde o inicio, Chesterton não endeusa seu personagem, ele é um modesto. Perto dele, Holmes é um tipo de James Bond vitoriano.
Todos os 12 contos são deliciosos. Levemente góticos, tangem todas as formas de tragédia humana. E causa um delicioso prazer observar que em alguns casos, Brown obtém a confissão e o arrependimento do criminoso, deixando-o em seguida livre para viver. Chesterton, defensor da ortodoxia católica, jamais deixa de usar exemplos de virtude cristã em suas histórias. Padre Brown compreende racionalmente os criminosos e é daí que tira suas conclusões. O autor também não perde a chance de mostrar o perigo de religiões exotéricas, de crendices pseudo-racionais e de ateus vazios. Nada de carola há nos contos. O Padre jamais prega ou moraliza, mas seu pensamento, sutil, está sempre em voga.
Ficaram famosos nos anos 30 as transmissões da BBC, em que Chesterton discutia ateísmo com Bertrand Russell, socialismo com Bernard Shaw e materialismo com Wells. A forma calma e ponderada de Chesterton, calma típica de Padre Brown, levava sempre o antagonista ao desânimo. Bons tempos do rádio.
Fácil de achar em banca, este livro é indicado para aqueles dias/noites de tédio, em que tudo que voce quer é um livro que divirta e instrua, passe o tempo em prazer calmo e instigante. Vale cada minuto gasto.